sábado, 25 de abril de 2009

O carma ocidental - 12. A razão do Leviathan

A filosofia política de Hobbes culmina na conclusão de que might is right - poder é direito, sendo o Governo suprema norma ética, não havendo ética contrária a ele. O chefe de governo paira acima do bem e do mal. ROHDEN, H. Filosofia Contemporânea: 53 
 
 THOMAS HOBBES (1588 – 1679) "foi um matemático, teórico político, e filósofo inglês." (Wikipédia) E foi hóspede do Palácio. Seus aposentos ficavam na extensão do corredor, à lo largo do corrupto FRANCIS BACON (1561 –1626). 
Thomas Hobbes é outro filósofo cuja vida está vinculada à monarquia inglêsa; não menos que a Bacon, a política e as intrigas da Corte afetaram sua existência e, sem dúvida, também seu pensamento filosófico. Pelo relato de um antiquário seu contemporâneo, sabe-se que Hobbes, em certas ocasiões entre 1621 e 1625, secretariou Bacon ajudando-o a traduzir alguns de seus Ensaios para o latim. COBRA, Rubem Q., Thomas Hobbes, Página de Filosofia Moderna, Geocities, Internet, 1997.
A aproximação da armada espanhola à costa inglesa precipitou o parto prematuro do filho do “vigário de pouca cultura e temperamento violento, que desapareceu em Londres quando Hobbes ainda era criança”. (RUSSELL, B., 2001: 273)  O rebento cresceu em Oxford, para depois ser estigmatizado por atrozes coincidências: amigo íntimo dos STUART (pelo menos se passava com tal) e até tutor de LORD CAVENDISH, presenciou a conspiração de Poudres, em 1605; o assassinato de HENRIQUE IV, (1610) em Paris; as execuções de STRAFFORD & LAUD, a derrota naval de Naseby (1645); por fim, estava presente na execução do próprio “amigo” CARLOS I (1648),à ascensão do encomendado Lord Protector CROMWELL. No lustro anterior, em 1640, como se aplainando a novel experência,,The Elements of Law Natural and Politic  apresentou a célebre conclusão espartana, na verdade premissa, preconceito: Homo homini lupus - o homem é lobo do homem. EINSTEIN (Escritos da maturidade: artigos sobre ciência, educação, relações sociais, racismo, ciências sociais e religião: 133) rechaçaria tal conceito: "É nisso que aqueles que se empenham em melhorar a sorte do homem podem fundar suas esperanças: os seres humanos não estão condenados, em razão de sua constituição biológica, a aniquilar uns aos outros ou ficar a mercê de um destino cruel que eles mesmos se afligem." EINSTEIN, entretanto, não estava nos planos. CROMWELL estava. Ungido na sagração indireta, pelo Parliament, na qualidade de membro, aí obteve seu maior triunfo, do qual soube dispor para dar bote e  assumir o total poder inglês. De Cive há havia pousado. Daí ao Leviathan passaram-se nove anos de mau juízo sobre nossa natureza: “O Estado de Natureza descrito por Hobbes é aquele em que cada um vive por sua conta e precisa cuidar da própria defesa, pelo que termina em uma guerra de todos contra todos.” (THOUREAU, H., in DOWNS, ROBERT BINGHAM: 75)
Até partirmos, mister a presença do grande protetor:

O conceito espiritual do reino de Deus degenerou numa instituição eclesiástica, jurídica, política, militar, financeira que, substituindo a força do espírito pelo espírito da força, fez da Civitas Dei uma Civitas Terrena, com o agravante que esta cidade terrena é acintosamente proclamada como sendo a cidade de Deus. ROHDEN, H.: 28.
O bendito paladino tem permissão, e até a obrigação, de penetrar pelas veias sociais a orientar, defender, prover e congregar:
 .
Autorictas, non veritas, facit legem.
Leviathan II:  18
 .
É a autoridade, não a verdade, a razão da lei
Portando o alvará, ela se refastela.“Afirmando que a autoridade provinha de Deus, ele restabeleceu o que praticamente equivalia ao direito divino dos reis.” (O Leviatã, Os Pensadores: 206)
O culto do Leviathan é uma enormidade moral, (no sentido de um grande absurdo ou de uma anomalia moral) mesmo em sua forma mais nobre ou suave. TOYNBEE, A.J., Estudos de História Contemporânea - A civilização posta à prova: 219.
Tal apreço se deve ao carma:
A influência do neoplatonismo, doutrina filosófica criada por Plotino (205/270) no século III, não se restringiu ao cristianismo (Santo Agostinho, John Scotus Erigena). Na Idade Média influenciou ainda a filosofia judaica, a filosofia dos árabes e, mais recententemente, o filósofo alemão G.W.F. Hegel (1770/1831) e os platonistas de Cambridge (séc. XVII). www.greciantiga.org
EINSTEIN, (cit. PAIS, ABRAHAM, Einstein viveu aqui: 139) em tese, pode explicar:
Com o homem primitivo é acima de tudo o medo que invoca noções religiosas - medo de fome, bestas selvagens, doença, morte. Já que nesse estágio da existência a compreensão das conexões causais é geralmente pouco desenvolvida, a mente humana cria seres ilusórios mais ou menos análogos a ela mesma, de cujas vontades e ações dependem esses acontecimentos temerosos.
O governante absoluto agora poderia ser escolhido pelo próprio povo, diferentemente da linha eletiva por hereditariedade real sugerida por MAQUIAVEL, BOSSUET e BODIN, embora até então  o filósofo do medo propugnasse pela soberania real. "Foi Maquiavel, maior que Cristóvão Colombo, que descobriui o continente sobre o qual Hobbes pôde edificar sua doutrina."(STRAUSS, Leo, Direito Natural e História, tradução francesa de Monique Nathan e Éric de Dampierre. Paris, Plon: 1954, p. 192)
The Leviathan só poderia realizar o bem à nação, “a razão em ato”. (POLIN, RAYMOND, Galileu, Descartes e o Mecanismo: 77)
A única forma de constituir um poder comum, capaz de defender a comunidade das invasões dos estrangeiros e das injúrias dos próprios comuneiros, garantindo-lhes assim uma segurança suficiente para que, mediante seu próprio trabalho e graças aos frutos da terra, possam alimentar-se e viver satisfeitos, é conferir toda a força e poder a um homem, ou a uma assembléia de homens, que possa reduzir suas diversas vontades, por pluralidade de votos, a uma só vontade. (...) Esta é a geração daquele enorme Leviatã, ou antes - com toda reverência - daquele deus mortal, ao qual devemos, abaixo do Deus Imortal, nossa paz e defesa. HOBBES, THOMAS, The Leviathan, cap. 17.
O direito divino, sentado na "razão", sentenciou o Rei à morte: “Uma cabeça de rei cortada: espantoso sacrilégio que pudera ser cometido sem que o fogo do Céu aniquilasse imediatamente os culpados!” (CHEVALLIER, J-J: 60)
“Hobbes justifica racionalmente o poder absoluto, a partir duma concepção puramente materialista da natureza do homem, egoísta e perseguido por fobias.” (Idem: 19) Para mim, todavia, o mêdo detectado servia apenas de cortina de fumaça que encobria sua real aspiração:
Hobbes, que havia freqüentado assiduamente a corte fazendo-se passar por matemático (mesmo que pouco soubesse dessa disciplina) se desgostou ali, regressou à Inglaterra nos tempos de Cromwell e publicou uma obra muito malvada, de título muito raro: The Leviathan. Sua tese principal era de que todos os homens atuam devido a uma necessidade absoluta, tese apoiada, aparentemente, pela doutrina dos decretos absolutos, doutrina de geral aceitação nesses tempos. Sustentava que o interesse e o mêdo eram os princípios fundamentais da sociedade.
BRETT, R. L., La Filosofia de Shaftesbury y la estetica literaria del Siglo XVIII: 14
Em Common Sense, (The Complete Writings of Thomas Paine, P. Foner, ed. New York: Citadel Press, 1945, vol. 1: 13) TOM PAINE identifica:
Se pudéssemos retirar a cobertura turva da antiguidade e rastrear o princípio de suas origens, não encontramos nada melhor que o principal rufião de alguma quadrilha turbulenta cujos modos selvagens ou a astúcia superior lhe valeram o título de chefe entre os saqueadores e que, ao aumentar seu poder e estender o campo de suas depredações, intimidou as pessoas pacíficas e indefesas a comprar sua salvação em troca de tributos freqüentes. A pele não mudou nem com o tempo.
 A faina cartesiana
WILSON DE LIMA BASTOS (p. 173) possui a ficha do "cristão": “Sucessor de Bacon, sofreu influência da filosofia matemática de Descartes e afirmava que toda a substância é corpórea e todos os fenômenos se reduzem a movimentos. Foi adepto da moral utilitarista.”
ENGELS (Do Socialismo Utópico ao Socialismo Científico: 9) pode reconhecer suas raízes:
Hobbes sistematiza o materialismo de Bacon. A sensoriedade perde seu brilho e converte-se na sensoriedade abstrata do geômetra. O movimento físico sacrifica-se ao movimento mecânico ou matemático, a geometria é proclamada à ciência fundamental.

A questão é ontológica: o que deve ser o mundo real para que a ciência desse mundo possa converter-se numa ciência matemática. Neste sentido, a ciência moderna, desde suas origens, seria uma ciência platônica: o sentido do platonismo era o matematismo. JAPIASSÚ, H. A revolução científica moderna: 133
BERTRAND RUSSELL (cit. DE MASI: 64) ironiza:
É bastante conhecida a história do primeiro contato de Hobbes com Euclides: ao abrir casualmente o livro no Teorema de Pitágoras, ele exclamou: ‘Meu Deus, isto é impossível’, e prosseguiu lendo as demonstrações, de trás para frente, até que, ao chegar aos axiomas, acabou se convencendo. Não se pode duvidar que este tenha sido para ele um momento de volúpia, um clarão provocado pela idéia da utilidade da geometria na medição dos campos.
Para HOBBES, (cit. BOBBIO, N., Thomas Hobbes: 28) a originalidade da vida consistia em escapar da morte. Preferia a má temática:
Depois de se ter dedicado durante anos a estudos exclusivamente humanistas, Hobbes se convenceu, através dos contatos que fez, em suas viagens internacionais, como alguns dos maiores cientistas do tempo, que as únicas ciências a progredirem o bastante para transformar radicalmente a concepção do cosmos haviam sido as que aplicaram o procedimento rigorosamente demonstrativo da geometria.
Dessa matematização do saber científico, na qual não se pode deixar de ver uma plena adesão ao clima cultural do século de Descartes, deve participar – segundo Hobbes – também a ciência política, ou, como ele a chama, pela falta de distinção entre a ciência e a filosofia, a filosofia civil. Idem: 76
O protótipo mecanicista-social viera pelo Short Tract on First Principles (1630) (cit. ALQUIÉ, F.,: 7) : “À maneira de Descartes, mas antes de Descartes, conforme prova claramente esta obra, ele concebe o mundo nos termos de um estrito mecanismo, em termos de movimentos que caracterizam corpos definidos pela sua extensão e forma.”
No modelo proposto por Descartes e seguido pelo criador do Estado Leviathan , a geometria era a única ciência que Deus houve por bem até hoje conceder à humanidade. Retomava-se Galileu, para que a língua da natureza era a matemática. O pensamento moderno é assim marcado por este ritual do pensamento a que logo se opôs Pascal com o chamado esprit de finesse. A matematização do universo desenvolve-se com Newton e atinge as suas culminâncias em Comte. Nos Estatutos pombalinos da Universidade, determinou-se expressamente que os professores usassem do e.g. para poder discorrer com ordem, precisão, certeza. Respublica, JAM
E o que diria o gênio sobre tal método?
Einstein admite que tudo que gira no plano das facticidades empírico-analíticas está numa dimensão meramente quantitativa, sujeita às categorias ilusórias de tempo, espaço e casualidade e que deste mundo de facticidades quantitativas não há nenhum caminho causal para o mundo da Realidade qualitativa. Somando e multiplicando-se quantidades, nunca teremos qualidades; somando ou multiplicando zeros nunca chegaremos a ter o valor positivo do ‘1’. Horizontal mais horizontal não dá vertical. Factual mais factual não dá Real." ROHDEN, H. Einstein : o enigma do Universo: 140


Naquele EspaçoTempo, contudo, valorizava-se a força, e por isso, a quantidade. As primeiras formações mercantilistas - dádivas do soberano a seus amigos e parentes - foram consequências; e, graças aos privilégios, a Companhia Inglêsa das Índias Orientais pode fincar sua administração no seio da Índia, açambarcando o imenso território como se fosse sua propriedade natural, aventura de duzentos anos. A Companhia da Baía de Hudson colonizava o Novo Mundo; a Companhia de Plymouth seguia-lhe os passos; a Companhia de Londres formava o quarteto de maior realce:
Políticas mercantilistas para promover o comércio exterior do reino à custa dos rivais, especialmente os holandeses, começaram à época de Cromwell e tiveram  prosseguimento com Carlos. WILLS, JOHN, : 230
O carma ocidental
É essa configuração de coletivismo extremado que, desde o século V, é vista na Grécia como um modelo perfeito de Estado, com a coletividade assim rigidamente aparelhada e destinada à defesa do Estado. CASTRO, P.P. //www.fflch.usp.br/dh/heros/pcastro/grecia/1975/04.htm
The Leviathan é “uma espécie de crocodilo, dragão, baleia ou serpente marinha”. (PENNA, J. M. O Espírito das Revoluções: 83 ) O título foi plagiado na Bíblia, de Jó (41:1) e dos Salmos (74:14, 104:26).
Sua descrição na referida passagem é breve. Uma nota explicativa revela uma primeira definição: “monstro que se representa sob a forma de crocodilo, segundo a mitologia fenícia” (Velho Testamento, 1957: 614). Não se deve perder de vista que nas diversas descrições no Antigo Testamento ele é caracterizado sob diferentes formas, uma vez que funde-se com outros animais.
Wikipédia
A capa escolhida por HOBBES apresentava o monstro coroado, coberto por multidão de indivíduos microscópicos grudados como sanguessuga no corpo do boi.. “É como um gigante constituído de homens comuns, um Leviathan. É maior e mais poderoso do que o homem e, por conseguinte, é como um deus, embora compartilhe com os homens comuns a mortalidade.” ( RUSSELL, B. , 2001: 276)
"Para Thomas Hobbes, a Igreja cristã e o Estado cristão formavam um mesmo corpo, encabeçado pelo monarca, que teria o direito de interpretar as Escrituras, decidir questões religiosas e presidir o culto." (Wikipédia)
"Em virtude dessa estreita associação entre o poder do Estado e a autoridade religiosa, o catolicismo, em toda a parte em que predominava, opunha-se a liberdade de consciência e as liberdades democráticas, com o apoio do braço secular do poder civil." (GUSDORF: 80)
Tudo veio mesmo relembrado pelos pregadores católicos da Idade Média, mormente quando S. AGOSTINHO (AURELIUS AUGUSTINOS) valorizou o sino daquele pecado original e da essencial maldade do homem enquanto habitante da Terra. Constantino que o diga. A afirmação mitológica da maldade inata na natureza humana encontra-se, como se sabe, na Bíblia. Ela está explicitada no episódio de CAIM & ABEL como corolário da tese do Pecado Original; e foi filosoficamente elaborada por AGOSTINHO. Se DEUS havia falhado, a Terra podia contar com uma força maior, objetiva:
Está escrito que Caim fundou uma comunidade; mas Abel não fez o mesmo, fiel ao seu caráter peregrino e de hóspede temporário. É que a Comunidade dos Santos não é deste mundo, embora aqui tenha dado origem a cidadãos através dos quais se realiza sua peregrinação até que chegue o tempo de seu reino, quando todos se congregarão  SANTO AGOSTINHO: De Civitae Dei, Livro XV, cap. I
Além de DEUS, portanto excedendo a Verdade, o simples capricho real já determinava a obediência incondicional:
Recordem o esquema do Leviatã: enquanto homem construído, não é outra coisa senão a coagulação de um certo número de individualidades separadas, unidas por um conjunto de elementos constitutivos do Estado; mas no coração do Estado, ou melhor, em sua cabeça, existe algo que o constitui como tal e este algo é a soberania, que Hobbes diz ser precisamente a alma do Leviatã. FOUCAULT, MICHEL, Microfísica do Poder: 183
Esta alma nada tem de boa:
Após ter então agarrado cada membro da comunidade e tê-los moldado conforme a sua vontade, o poder supremo estende seus braços por sobre toda a comunidade. Ele cobre a superfície da sociedade com uma teia de normas complicadas, diminutas e uniformes, através das quais as mentes mais brilhantes e as personalidades mais fortes não podem penetrar, para sobressaírem no meio da multidão. A vontade do homem não é destruída, mas amolecida, dobrada, guiada; os homens raramente são forçados a agir, mas constantemente impedidos de atuar; tal poder não destrói, mas previne a existência; ele não tiraniza, mas comprime, enerva, ofusca e estupefaz um povo, até que cada nação seja reduzida a nada além de um rebanho de animais tímidos e trabalhadores, cujo pastor é o govêrno. 
PRELOT ( vol II: 258) igualmente contesta o raciocínio:
A essência da natureza humana é o egoísmo e não a necessidade altruísta da vida em comum. Quando o homem procura a comunidade, não o faz a fim de conseguir a sua realização pessoal, ou, como pensava o fundador da Escola, em virtude de uma tendência natural que o faz procurar seus semelhantes, mas unicamente com vista ao seu próprio interesse nasce do temor mútuo que existe entre os homens, e não da boa vontade mútua.
Além de LOCKE, MONTESQUIEU (O Espírito das Leis) desmanchou toda a argumentação:

O desejo que Hobbes atribui logo a princípio aos homens, de subjugarem-se uns aos outros, não é razoável. A idéia do império e do domínio é tão complexa, e depende tanto de outras idéias, que nunca poderia ser aquela que eles a princípio possuíram.
Hobbes pergunta: se os homens não vivem naturalmente em estado de guerra, porque andam sempre eles armados e porque possuem chaves para fecharem suas casas? Mas, não se percebe logo, nessa pergunta, que nela se atribui aos homens, antes do estabelecimento das sociedades, aquilo que não lhes poderia acontecer, senão depois desse estabelecimento e de que se lhes deparassem motivos para que se atacassem ou se defendessem?
Ao sentimento de sua fraqueza, o homem acrescentaria o sentimento de suas necessidades: assim, como uma outra lei natural, estaria aquela que inspiraria a idéia de precisar alimentar-se. Eu disse que o temor induziria os homens a que fugissem um do outro; mas o sentimento de um temor recíproco, induzi-lo-ia, também, em breve, a aproximarem-se; de resto, a isto seriam levados pelo prazer que sente um animal a aproximação de outro animal de sua espécie. E ainda mais, essa fascinação que os dois sexos inspiram um ao outro, pela sua diferença, aumentaria este prazer; e esse apelo natural que fazem um ao outro constituiria uma terceira lei natural.
Além do sentimento que os homens possuem logo de início, são levados ainda a travar conhecimentos; e formam assim um outro laço, que os outros animais desconhecem. Possuem, portanto, um novo motivo para associarem-se; e o desejo de viver em sociedade constitui uma quarta lei natural.
Infelizmente o Barão de La Brède acabou engolfado pela perfídia roussoniana. A bandeira do altruísmo social, protótipo da ética geométrica, (!?) sensibilizou gerações, mesmo inglêsas, a começar pelo mais ferrenho defensor do “utilitarismo”, o também britânico JEREMY BENTHAM (cit. BOBBIO, N.; CARDIM, C.H: 128) "incansável e infeliz autor de projetos legislativos que deveriam instaurar o reino da felicidade sobre a terra."
O essencial para Hobbes não era a desmistificacão do poder, mas antes a representação da ordem política como um gigantesco autômata, que autorizaria a intervenção de técnicos qualificados. Governantes sensatos, inspirados pela razão científica, poderiam modificar o curso da vida social num sentido favorável a maioria dos interessados. BASTOS, W.L.; 173
Daí à estupidez marxista foi apenas um passo.

O único meio para isso é que todos consintam em renunciar a seu próprio poder e em transferi-lo para uma única pessoa (uma pessoa física ou jurídica, como por exemplo uma assembléia), que, a partir de então, terá o poder suficiente para impedir o indivíduo exerça seu próprio poder em detrimento dos outros. BOBBIO, N., Thomas Hobbes: 41
EINSTEIN arrasou com o zenith do Leviathan, sem precisar citá-lo: “Creio que a missão mais importante do Estado é proteger o indivíduo e possibilitar que ele desenvolva uma personalidade criativa. O Estado deveria ser o nosso servidor; nós não deveríamos ser escravos do Estado.”
Não seria bom avisar o pessoal?


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