quinta-feira, 7 de maio de 2009

O carma ocidental - 24. A fita da atriz Evita


Ex-speaker da rádio Belgrano, a atriz tornada imperatriz MARÍA EVA DUARTE DE PERÓN 7 de Maio de 1919 - Julho de 1952 hoje estaria completando justos 90 anos. No leito da morte EVITA contabilizava quatro estações de rádios e dois grandes jornais em seu próprio nome.
Evita é sustentada como mito tanto pela direita como pela esquerda. Embora em seu discurso estivesse do lado dos operários, ela respaldou de forma enérgica a repressão às greves realizadas contra o governo de seu marido. Evita, longe de ter sido uma defensora dos operários, ajudou na domesticação do sindicalismo argentino. Ela era a perseguida e a perseguidora, a mulher do chicote.
SEBRELI, JUAN JOSE,
Cômicos e Mártires – Ensaio contra os mitos
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Os Perón criaram extensa legislação sobre salários, regalias, férias e segurança social dos trabalhadores. O Estatuto del Peón adulava os trabalhadores rurais. O conjunto tratava de dias de descanso, alojamento, salário-mínimo, assistência médica e demissões. A principal base institucional do peronismo eram os sindicatos, completamente dominados por seus adeptos, alcançando grandes proporções e funcionando como agências da contratação coletiva de trabalho. Todas estas medidas foram acompanhadas de um nacionalismo extremado, forte ênfase no papel dominante do líder, ideologia corporativa, demagogia populista e falta de respeito pelo constitucionalismo e tradição.

LIPSET, SEYMOUR MARTIN: 178
O francês GUY SORMAN (A Nova Riqueza das Nações: 41) comenta o desempenho argentino, mas suas palavras poderiam ser usadas para descrever a Itália Fascista ou o Brasil do Estado Novo:
Perón será o modelo de muitos caudilhos da América Latina e seu fascismo para uso do Terceiro Mundo fará mais escola. O peronismo não pretende ser somente uma estratégia do desenvolvimento; ele é, também, me explica Taccone, um projeto social, uma tentativa original de associar os trabalhadores a industrialização, sem cair na luta de classes e sem romper a tradição católica: uma reconciliação entre os valores tradicionais e o mundo moderno. O peronismo iria salvar a Argentina do comunismo! Aliás, acrescenta Juan José Taccone, essa filosofia esta tão intimamente ligada ao destino nacional, que todos os governos depois de Perón continuaram a fazer o peronismo, com ou sem ele.
A Espanha, do colega FRANCO rendeu-lhe tantas homenagens quantas foram suas promessas em nome do povo argentino para com aqueles ancestrais. Ficou famosa a viagem do navio lotado de trigo que partiu do celeiro do Novo Mundo como dádiva e homenagem dos filhos à Pátria-mãe. Os filhos naturalmente, não viram os presentes ao opulento endereçados, tampouco foram reconhecidos, mas a dadivosa não parou mais de ganhar todo o tipo de benesses. Sua visita subseqüente à Suíça, porém, denota onde costumava guardar os pertences auferidos com o chapéu alheio.
A produção argentina se desperdiçava na leviandade da poderosa. Evita fazia da Argentina uma entidade de beneficência, em nome da tal “justiça social”. Milhares de casas foram construídas “de graça”. Como isto é impossível, alguém, naturalmente, estava pagando. Foram gastos bilhões em roupas, móveis, medicamentos, utensílios domésticos, e até dentaduras postiças. A dupla consumiu de modo mais irresponsável possível, o tesouro a ela confiada. A feira da ilusão terminou na corrupção generalizada, como sói acontecer, na bancarrota econômica, inflação acelerada, na quebra da ordem jurídico-social. PERÓN, o cleptomaníaco, colheu o ensejo, e meteu a mão sem cerimônia:
O nacionalismo de Perón era tal que sua política agrária fez a carne esfumar-se do cardápio nacional durante 52 dias, deixou o campo exaurido e acabou com todas as reservas acumuladas durante o agitado comércio dos tempos de guerra. Como conseqüência, o general apossou-se do gás, da eletricidade, dos telefones, do Banco Central, das estradas de ferro e de tudo que tivesse pegadas forasteiras.
LOVISOLO, H., Einstein: Uma viagem, Duas Visitas, publicado em Estudos Históricos: 55-65; também em MOREIRA, I.C., & VIDEIRA, A. A. P. organizadores, Einstein e o Brasil: 234
Depois disso, o coronel veio se refugiar na casa do coleguinha Getúlio, com nosotros, quando foi pego pela orelha, pela própria mulher, e trazido de volta ao Prata, a fim de ajudar a guarnecer a estupenda montanha de ouro furtada pelo casal. (Getúlio & Perón)
Em 52, com uma Evita cancerosa a apelar para o coração argentino, a novela peronista retornava aos lares platinos. Em seguida, morreu a mártir, servindo para marketing até no post-mortem. Curiosamente, o fim do colega brasileiro foi idêntico, e quase simultâneo.
O velório da atriz se estendeu por dez dias; no cortejo, milhões. Seus restos mortais ainda peregrinaram pelo Velho Mundo, retornando ao Prata por desejo de Isabellita, novo blefe, pretensa clone.
E o que vemos pela atualidade?
Atualmente em países como Argentina e Brasil, a classe média parece derrotada. Há alguns anos os membros dessa classe eram a chave da prosperidade de pequenas empresas e de serviços públicos de educação e saúde eficientes. Agora, parecem resignados diante da queda drástica de sua qualidade de vida. A impunidade de autoridades corruptas, assim como a insensibilidade do modelo econômico em relação aos problemas sociais, criaram uma frente de tempestade ameaçadora. No fim de setembro mais de setenta mil pessoas marcharam para a Plaza de Mayo, em frente a Casa Rosada de Buenos Aires, sede do governo, para protestar contra as medidas impostas pelo presidente argentino Carlos Menem. Pela primeira vez os sindicatos peronistas acusaram Menem, líder de seu partido, de traidor. 'Menem está voltando as costas para o povo, para apoiar a concentração monetária e financeira de riqueza', declarou o líder da Central Geral dos Trabalhadores. O próprio Menem respondeu: 'Nada, nem mesmo a maior pressão, torcerá meu braço'.
MARTINEZ, TOMAS ELOY, Presidente do Departamento de Estudos sobre a América Latina da Universidade de Rutgers, EUA, autor de Santa Evita e O Romance de Perón.
O título de 'Paris da América do Sul' já não vale para Buenos Aires. A cidade, que já vinha empobrecendo, acelerou o processo de exclusão social. Os mendigos, que antes não se viam, espalham-se por todo o centro. Sem a conotação poética do 'clochard', o homeless boêmio parisiense, mais de mil pessoas passam todas as noites ao relento na capital argentina. A denúncia foi feita pelo Programa Buenos Aires Presente (BAP) da Secretaria de Planejamento Econômico, que também anunciou que a situação na Grande Buenos Aires agravou-se drasticamente. Ali, 340.000 pessoas tornaram-se novos pobres entre maio de 1999 e o mesmo mês deste ano. Isso indica que de forma geral, a pobreza, que atingia 27,1% da população de todos os municípios da região metropolitana um ano atrás, agora passou para 29,7%. Isso equivale a 3,5 milhões de argentinos que não conseguem adqurir a cesta básica de alimentação e serviços. Este nível é o mais alto desde 1990, quando a economia do país havia sido arrasada pela hiperinflação. A situação social é mais grave no segundo cinturão de municípios da Grande Buenos Aires, o setor mais pobre da área mais populosa do país. A proporção de pessoas pobres passou em um ano de 38,5% para 44%. Além dos pobres, este país, uma vez denominado 'o celeiro do mundo', não consegue fornecer alimentos para 7,5% dos habitantes da Grande Buenos Aires. Terra Notícias, 15/11/2000.
Argentina trocou de atriz,
mas o roteiro populista
permanece em cartaz
Na mais completa falta de imaginação, o filme continua o mesmo:
Para o escritor peruano Mario Vargas Llosa a presidente argentina Cristina Fernández de Kirchner é um desastre total, e a Argentina está conhecendo a pior forma de peronismo: populismo e anarquia.
Corriere della Sera, 20/3/2009

Cristina Kirchner está levando a pecuária argentina à bancarrota.
Estima-se que em 2011 os argentinos farão churrasco com carne importada.
www.claudiohumberto.com.br, 16/5/2009


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