domingo, 20 de junho de 2010

Enfeitiçada Jabulani


Você sabe quem é a Jabolani? A Jabolani é a bola da copa. Ninguém quer. Todo mundo tem que suportar. Ela está sempre presente. É chata, desvia de rota, todo mundo reclama, mas acaba assimilando. Apesar de ser chata, fora de moda, obsoleta é redonda e feita com alta tecnologia. Um momento em que Deus não estava bem humorado. Todo mundo reclama, mas tem que aturar. É uma metamorfose ambulante, como diria o Raul Seixas. Cada dia está de um jeito. O seu humor é variável.
http://antoniocalixto3.blogspot.com/2010/06/jabolani.html

Espetaculares transmissões levam a todos os lares a alegria contagiante da grande festa do globo: a Copa do Mundo de Futebol. Mais rico Universo, é difícil. Abundam fatos pitorescos, entremeados pela diversão das culturas populares. São incontáveis as facetas suscetíveis de abordagens, além das quatro linhas, é claro.
No entanto, curioso, não falta quem reclame. Há muitos sites tipo "odeio futebol". Vá lá, mas neste caso poderia trocar sua atenção, apenas. Procure ver como diversas nações podem conviver harmônicamente, sem necessidade de nenhuma regra. Note os progressos da tecnologia, levando a emoção dos corações. Aprecie linda arquitetura dos estádios, a organização impecável, táticas e performances de campo, o encanto de lindos rostos em coloridas torcidas, e tudo o mais. A estrela da Copa, por exemplo,  não leva o número nas costas. Jabulani- da língua Bantu, significa "celebrar", em isiZulu. Ela possui 11 cores diferentes, cada uma representando os dialetos e etnias diferentes da África do Sul. A fantasmagórica pelota muda seu curso quando enxerga as mãos dos goleiros. A gorduchinha é forte para roubar o espetáculo..

sábado, 12 de junho de 2010

Reforma Partidária

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Surpreendentes seriam as fotografias nos jornais do dia seguinte. Sarney de óculos escuros como os ditadores latino-americanos do passado, amparado pelo colega de PMDB Michel Temer, eleito presidente da Câmara, igualmente pela terceira vez. Barba e bigode. Este Temer merece umas pinceladas. http://veja.abril.com.br/livros_mais_vendidos/.
ROBESPIERRE, DANTON & MARAT

A democracia representativa é a celebração de um compromisso: o cidadão delega a um igual o privilégio de ser seu porta-voz. Se esse vínculo se perde, se o representante se distancia do representado, então é o próprio modelo que se descaracteriza. Depois de algum tempo, cerca de 70% dos eleitores brasileiros não se lembram do voto para deputado estadual e federal. O custo de nossas eleições parlamentares é astronômico, o mais alto do mundo, e a vigilância que o votante exerce sobre o votado é praticamente nenhuma, o que concorre para a degeneração dos partidos.
Reforma eleitoral: o ruim pelo pior
É necessário que a ciência mostre por fim sua utilidade! Ela se tornou nutricionista a serviço do egoísmo: o Estado e a sociedade a tomaram a seu serviço para explorá-la segundo seus fins. NIETZSCHE,   F., O livro do filósofo: 30
Os preparativos às eleições brasileiras chocam preceitos democráticos, e até de direito. A Nação assiste estarrecida, apatetada. Elementos dotados da mais alta cultura se prestam à total subserviência. Não titubeiam em colocar seus préstimos para atender antes de tudo seus próprios interesses, naturalmente. Trair o que lhe foi ministrado na faculdade? Discutível. Ciências Jurídicas e Sociais são postas dialéticas, suscetíveis de dupla interpretação. Uma solitária ética é tênue frente ao que vai nos autos. E se a velada conduta implica trair as  entidades que garbosamente presidem, há que se recordar: elas são políticas. Portanto, o que vale é o ponto  observado, a ideologia abraçada.  Ademais, ensina o grãmestre cretino, digo, florentino: "os fins justificam os meios". "A teoria maquiavelista relembra que o poder político é exercido, por toda parte e sempre, por uma minoria e que o poder político conta tanto quanto o poder econômico. (ARON, Raymond, La lutte des classes, 1964, p. 194; cit. SCHWARTZENBERG, Roger-Gérard, Sociologia Política: 233)  Inúmeras vantagens aguardam os concordes junto aos parceiros dos novos negócios.
O comerciante está convencido de que a lógica é a arte de provar à vontade o verdadeiro e o falso; foi ele que inventou a venalidade política, o comércio de consciências, a prostituição dos talentos, a corrupção da imprensa. Sabe encontrar argumentos e advogados para todas as mentiras, todas iniquidades. Somente ele nunca se iludiu sobre o valor dos partidos políticos: julga-os todos igualmente exploráveis, isto é, igualmente absurdos... PROUDHON, P.-J., Filosofia da Miséria, Tomo I: 351.

A arrecadação do PT, PSDB, DEM e PMDB explodiu em 2008 com doações recebidas de empresas que exacerbaram, no ano passado, o mecanismo usado para ocultar a identificação dos reais financiadores dos candidatos a cargos públicos. Folha
Garantiu-me senhor do século passado: "Quando alguém chegar no topo sem anel de doutor, provará minha razão: o estudo pode até ser bom, mas não tem importância, não."  Vero. Mas por qual minerva ele deve ainda pagar o mico, em detrimento do enorme quadro que detém?  Pois negócio assim, nem na China tem..
A alegação é dobrar seu espaço de TV, caso ceda posto à grei que lhe é estranha, porque futura companheira de gerenciamento do Tesouro Nacional. É "para inglês ver", mas tem razão. A "Lei Eleitoral", costurada pelos maiores partidos, subroga-lhes o direito de maior espaço na mídia. Deveria ser o contrário. Os maiores, por demais conhecidos, nem precisam aparecer na TV. Teríamos que suportar os mimosos nanicos, mas a pergunta que se impõe é a seguinte: que absurdo critério permite o registro desses partidecos de gozação, os quais temos de esconder das crianças para elas não pensarem que todo mundo é idiota?.
Em 2008, o senador José Sarney voltou a ser manchete, principalmente das páginas policiais, quando revelada a organização criminosa da qual seu filho fazia parte. Para não deixar o filho ir para a cadeia, ele teve de disputar no ano seguinte a presidência do Senado. Foi preciso colocar a cara para bater. O poderoso coronel voltou para dar forças aos filhos, para salvá-los..
Não estamos falando de meras eleições legislativas, mas deste marco de suma importância verdadeiramente capital, único posto, por acaso considerado ápice, cujo número de candidatos paradoxalmente é insignificante, de dígito. Vamos eleger um Presidente da República, não um grupelho. Não se vota em partido, mas sim em candidato. Parece óbvio que qualquer inscrito ao Grand Prix deva ser tratado em igualdade de condições, independentemente do tamanho de sua equipe, ou de seus patrocinadores, Quando um partido abdica do seu tempo por falta de candidato, ou seja, no jargão turfístico, quando o potro apresenta forfait, por que ele pode auferir rendimento, ou influenciar o pleito executivo? Mas, dizia, a primeira alegação será esta: o espaço na TV, cedido pelo amarelado-comprado. O que lhe move, contudo, exatamente por ser patrão, são vários outros fulgurantes motivos, além de dezenas de menores. Primeiro, elimina do páreo das raridades um dos mais fortes contendores. De brinde, leva o silêncio de quem teria a obrigação de se opor às barbaridades que se tem cometido no cockpit. No começo eles até caçoavam - era coisa de bebum de 51. Agora todos se deliciam no espumante francês.
Outro partido, contudo, possuia ilustre presidenciável, cidadão com folha de serviços prestados ao seu Estado e à Nação. Sua candidatura simplesmente foi vetada porque seu partido também já havia negociado com o patrão. Coisa entre chefes de sindicatos. Um ex-presidente da República, recém ingresso neste partido, contentou-se com a honrosa chance no legislativo, e aplaudiu a canhestra decisão. Por certo encerrará com chave-de-ouro sua ilibada trajetória.
O homem moderno, no entanto, especialmente nas democracias, considera-a, a política, uma atividade suspeita. Pode-se dizer que desde os tempos de Maquiavel, com sua máxima de que os meios justificam os fins, e do Cardeal Mazarino, que acreditava ser a política um jogo de torpezas, ela passou a ser mal vista, pelo menos mais do que em épocas anteriores. SCHILLING, Voltaire, Apresentação.
Objetivo social de partido político na democracia é conquistar o poder através do voto direto. O objetivo pessoal das lideranças partidárias também, mas quanto mais diretamente, melhor. Diferentemente dos partidos, todavia, que podem cruzar gerações, pessoalmente temos a vida breve,. E como os fins justificam os meios, quando se desenhar o fim, descarta-se o meio. O partido é apenas táxi, meio, não expressão eleitoral.

A gente pode se manter por vários negócios, mas partidos vivem de votos. Qualquer um que que não tenha interesse ou possibilidade de apresentar seu candidato, perde a própria razão social. Se o procedimento for repetido, não lhe assiste nenhum motivo para continuar existindo, a não ser como fachada de arrecadação financeira.
O Senado é os que aqui estão. Reconheço que, ao longo da nossa vida, muitos se tornaram menos merecedores da admiração do país, mas não a instituição. SARNEY, J., cit. DORIA, P. Honoráveis Bandidos - Um retrato do Brasil na era Sarney
O resultado dessa barafunda criada pelos estelionatários do plano cruzado*, ainda soltos e comandando tudo, é que teremos apenas duas candidaturas, entre duzentos milhões de brasileiros. A primeira cabe a subalterna aspirante a interina, designação do chefe neocaudilho até seu retorno, a tempo de curtir as olimpíadas na raia do pré-sal. "Vai ser a primeira eleição de Presidente que meu nome não estará na cédula. Vai ter um vazio lá. E para não ter esse vazio, eu resolvi mudar de nome. Agora sou 'Dilma'." ( LUÍS INÁCIO DILMA DA SILVA, Presidente do Brasil.)
Seu sparring é fruto da combinação de meia-dúzia de partners do triste espetáculo. Nada de novo no front
PT e PSDB não compartilham apenas a política econômica. Suas campanhas presidenciais compartilharam também os financiadores, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral. Dezenove empresas, a maioria delas com interesses no governo, investiram R$ 54,1 milhões na disputa eleitoral. O Banco Itaú, por exemplo, apostou igual em ambos os 'cavalos'. www.claudiohumberto.com.br 6/4/2009
A reforma na política e o mensalão
São pessoas físicas que compõem a Nação, e não jurídicas, partidos políticos. No Legislativo, especialmente, uma casa parlamentar, por qual razão seus integrantes operam segundo os interesses da  grei que lhes permitiu a candidatura,   jamais do eleitorado apartidário que os elegeu?  Com os dois "cavalos" assim comprometidos, os restantes cento e noventa e nove milhões, novecentos e noventa e poucos mil patetas saírão de suas casas, com chuva ou com sol, morando perto ou longe, à pé, de bicicleta, de barco, carroça, à cavalo, de moto trem ou avião, para usufruir da liberdade de votar em quem quiser, desde que seja em algum da parelha.patrocinada.
Em muitos Estados do Terceiro Mundo, o assim chamado povo soberano não é nada. Ou quase nada. Fica à margem ou ausente do jogo político, limitado a um círculo restrito. Chamam-no somente para ratificar, plebiscitar e aplaudir. [...] Sobretudo por ocasião das eleições presidenciais. (Schwartzenberg: 320) 

A massa se rege por sentimentos, emoções, preconceitos, como a psicologia social já demonstrou exaustivamente. A opinião das massas formando a opinião pública será por conseqüência irracional. Não se iluda o publicista democrático a esse respeito, cunhando a expressão agora uso corrente no vocabulário político da propaganda: o ‘estereótipo’, ou seja o ‘clichê’, a ‘frase feita’, a idéia pré-fabricada, que se apodera das massas e elas, numa economia de esforço mental, como diz Prelot, aceitam e incorporam ao seu ‘pensamento’, entrando assim a constituir a chamada ‘opinião pública’. BONAVIDES, P.:45
Um homem vota em um partido e permanece infeliz; ele conclui que era o outro partido que traria o período de felicidade e prosperidade. No momento em que estivesse desencantado com todos os partidos, já seria um homem idoso, à beira da morte. Seus filhos teriam a mesma crença de sua juventude, e a oscilação contínua.
RUSSELL, Bertrand, Ensaios céticos: 121. 
Valor de emendas parlamentares sobe 371% em 6 anos
O futuro da democracia Deputados, senadores, ministros, políticos, enfim, possuem funções objetivo distantes do anseio de seus eleitores. Os representantes do povo buscam sempre maximizar votos e, na maior parte dos países, aumento do patrimônio pessoal. Políticos profissionais são a expressão maior de tudo o que degenera a democracia plena. São populistas quando podem ser e conservadores quando o momento exige. Colhem os sentimentos de multidões e transformam em legislação. 
"A democracia fala de um governo comandado pelo povo e sujeito às suas leis; na realidade, entretanto, os regimes democráticos são dominados por elites que planejam maneiras de moldar e dobrar a lei a seu favor." (Pipes:251)
A alternativa restante é que vem ganhando inédita e maciça adesão:

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* "Nem preferido da mãe, nem preferido do pai, José Sarney Filho, o Zequinha, filho do meio, é pesado de carregar. Foi ministro do Meio Ambiente de Fernando Henrique Cardoso, e mais nada." Um livro arrasador, na mesma linha de “Memórias das trevas – uma devassa na vida do senador Antonio Carlos Magalhães,do jornalista João Carlos Teixeira Gomes. www.poracaso.com

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Evolução por SuperCordas - 11/11 - Efeitos sociais


Cada forma de vida inventa seu mundo (do micróbio à árvore, da abelha ao elefante, da ostra à ave migratória) e, com esse mundo, um espaço e um tempo específico. LÈVY, P., cit. PELLANDA e PELLANDA: 118
No cosmos não há determinismo, supremacia, antagonismo. Os corpos são maiores ou menores, mas dificilmente se chocam. Todos percorrem o caminho mais fácil à locomoção. Forçando a metáfora, porque na vida o amor substitui o dinheiro, o ballet se insinua sob a égide do comércio, não do confronto, muito menos da exploração de uns sobre os outros.
A massa informa ao espaço como se curvar; o espaço informa à massa como se movimentar. WHEELER, J., cit. ROHMANN, Chris: 345

Inteligência significa capacidade de interligar. O Universo é inteligente. A informação precede a formação e o transcurso de qualquer ente ou elemento.
Um pedaço de matéria, que tomávamos como uma entidade persistente única, é na verdade uma cadeia de entidades, como os objetos aparentemente contínuos em um filme... Ambos são apenas uma cadeia de eventos que têm certas relações interessantes uns com os outros. A física moderna nos permite dar corpo à sugestão de Mach e de James de que a 'essência' do mundo mental e do mundo físico é a mesma. RUSSELL, B., Ensaios céticos: 74
O start da vida depende da centelha, desta informação primordial. "Uma lesma que dispara 'dardos de amor' no acasalamento, um sapo sem pulmões e o inseto mais comprido do mundo estão entre as novas espécies de animais descobertas pelo grupo ambientalista WWF na ilha de Bornéu". ( BBC, 23/4/2010)
São incontáveis os casos de proteção e afetividade oferecidos no reino animal. "A evolução acontece não como resposta às exigências da sobrevivência, mas como um jogo criativo e necessidade cooperativa de um universo todo ele evolutivo." (LEMKOW, A. F.: 183)
Tudo se propaga por alguma forma de amor. "A ação de um átomo sobre o outro pressupõe também a sensação. Algo de estranho em si não pode agir sobre o outro. (NIETZSCHE, F. , O livro do filósofo: 45)
É precisamente uma interação - que já existe nos níveis materiais mais elementares entre o aspecto onda e o aspecto corpúsculo - o que impulsiona a dinâmica da natureza. Assim o mostram as relações de mecânica ondulatória, que explicou LOUIS DE BROGLIE, síntese genial que tornou possível, como diz RUEFF, uma filosofia quântica do universo, aplicável não somente às ciências físicas, senão também a todas as ciências humanas.
O emblema oriental dispõe o caráter integrativo, o modo complementar da desenvoltura do Universo, lógica harmônica perfeitamente divisável na composição da vida.
A visão da evolução como uma crônica competição sangrenta entre indivíduos e as espécies, um desvirtuamento popular da noção de Darwin da 'sobrevivência dos mais aptos', dissolve-se diante de uma nova visão de cooperação contínua, forte interação e dependência mútua entre as formas de vida. A vida não conquistou o globo pelo combate, mas por um entrelaçamento. As formas de vida multiplicaram-se e tornaram-se complexas cooptando outras, e não apenas matando-as. SAGAN, D., cit. DAWKING, R.: 288
A oitiva não requer mudança de paradigma. Basta sintonizar:
Tal qual o arco faz vibrar as cordas do violino produzindo sons típicos, as excitações térmicas promovem transições eletrônicas e assim os átomos emitem espectros específicos de radiação (não sonoras mas) de ondas eletromagnéticas, em uma grande gama de freqüências tais como rádio, microondas, infravermelho, luz visível, raios X, etc.COHEN, Aba, Listening to the atoms

A partir de um único princípio - o de que no nível mais microscópico tudo consiste de combinação de cordas que vibram - a teoria das cordas oferece um esquema explicativo capaz de englobar todas as forças e toda a matéria. GREENE, B.: 30
Repare a coincidência:
O interesse dos neurocientistas por essa ‘curiosidade musical’ tem se ampliado recentemente... Um exemplo de interação entre a hereditariedade e o ambiente. Ou, como se diz na língua inglesa: “nature versus nurture” LENT, R., O cérebro do meu professor de acordeão - Ciência Hoje on-line, 28/05/2010

O shape do DNA ensina a constância da flexibilidade ondulatória, tanto quanto a evolução do Universo.
Outro exemplo dos fenômenos quânticos é o nosso corpo. Ele funciona perfeitamente, sem a necessidade de um controle externo... Todos os movimentos corporais e cerebrais partem de reações ocorridas no mundo atômico, regidas por leis quânticas. BIEHL, L. Vulcanoglio: 34
O exemplo procede. Porém, dado o famoso Princípio da Incerteza, de HEISENBERG, nada se constitui por lei, e sim por variadas e indescritíveis conveniências atômicas.
Neste planeta, um filtro de complexidade distribui a energia de sua estrela mais próxima em seus próprios fractais.

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Com a replicação e o erro, as novas moléculas sofrem
evolução e são selecionadas, um passo que acelera ainda
mais a auto-organização. Mais estável e capaz de suportar
mais informação, a molécula de DNA foi selecionada como o
principal material genético, e o fractal cresceu em tamanho.
Células com novas funções, células unidas e o sexo aumentaram
ainda mais a variedade e a eficiência dos dissipadores de energia.

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O fractal de células formou tecidos e os tecidos construíram organismos
mais complexos. Dentro deles, vasos sanguíneos, vasos lenhosos, fibras, neurônios e diversos outros sistemas repetiram a estrutura fractal. Estes neurônios, conectados entre si, dispersando energia na forma de pulsos, geraram mais um sistema. Animais e plantas podem interagir entre si e aumentar a escala do fractal. LAMARINO, A., Biólogo PhD., O Universo que gostava de fractais 9/6/2010
Para permitir essa infinidade de variações, a constituição do Universo não pode obedecer nenhuma rigidez. Não se trata de traçado, plano preconcebido, delineado retilíneo ou geométrico, um automático previsível, como pensavam os primatas gregos, e de resto seus descendentes, muitos dos quais ainda vivos, e com vasto futuro pela frente:"Futurólogos de todos os matizes propõem que, em um futuro não especificado, será possível fazer o download de todas as memórias de uma pessoa." (www.inovacaotecnologica.com.br, 9/6/2010) Bem, o problema vai ser como expressar aqui na Terra a infinita quantidade de vetores presentes, pretéritos e  futuros que sintetizam a mente de qualquer ser. Mas vá lá, como metafísica.
De fato, já conhecemos o "neurotransístor" NOMFET - Nanoparticle Organic Memory Field-Effect Transistor. A expressão virtualmente intraduzível junta um transístor de efeito de campo, tipo clássico eletrônico, com as indicações para ele funcionar como memória. Sua composição é orgânica (feito à base de carbono), e utiliza nanopartículas. Segundo os pesquisadores, os computadores adaptados a processos de sinapses tornam-se capazes de funções cerebrais. Por certo ainda advirão avanços significativos, ao gáudio da saúde. A natureza, contudo, é analfabeta. Não foi informada à cerca do Verbo, tampouco sobre números. Ela exagera. Distâncias são de anos-luz, incalculáveis. Não há como nomear planetas (na gravura) e tantos elementos paulatinamente encontrados. Para englobar todas as memórias de uma pessoa seria necessário percorrer todo o EspaçoTempo de cada neutrino cruzado... Quem sabe não satisfariam apenas  as mais importantes, ou gerais? FREUD obteve sucesso pelo único viés que levantou.
A Teoria de Cordas (ou supercordas) unifica a descricão das interacões fundamentais. Em particular, acredita-se que ela representa um caminho para a descrição quântica da interacão gravitacional, possibilitando uma conciliação entre a Mecânica Quântica e a Relatividade Geral. Na teoria de cordas as partículas elementares correspondem a diferentes formas de vibracão de cordas que se propagam no espaço. A interação entre partículas corresponde à interação entre cordas. http://omnis.if.ufrj.br/~braga/cordas
EINSTEIN iria intitular a formosa composição da Relatividade como Principio da Covariança. O gênio almejava enfatizar o caráter interativo dos átomos que compõem o Universo, mas necessitava das famosas provas matemáticas. Em E=Mc2 as letras ganham dos números por 3x1, mas a exigência da precisão levou-lhe à faina de encontrar uma constante cosmológica. Missão impossível. Até mesmo o ritmo de expansão do Universo varia. Sequer algorritmos lhe alcançam.
A raridade da oscilação dos neutrinos, juntamente com o fato de que os neutrinos interagem muito fracamente com a matéria, torna este um tipo de experimento muito delicado e muito difícil de fazer. Apesar de seu enorme sucesso em descrever as partículas que compõem o Universo visível, e as interações entre essas partículas, há muito tempo os físicos sabem que o Modelo Padrão não explica tudo. Uma das possibilidades levantadas para essa nova física é a existência de outros tipos de neutrinos, ainda não detectados experimentalmente .
O mesmo ocorre em qualquer meio social, expansivo a todas as direções. É simplesmente impossível embretá-lo:
O estudo de como surge a ordem, não em conseqüência de um decreto de cima para baixo da autoridade hierárquica, seja política ou religiosa, mas como resultado de auto-organização por parte de indivíduos descentralizados é um dos acontecimentos mais interessantes e importantes de nossa época. KELSEN, H., A democracia: 140.
Dir-se-á que gente precisa de lei para refrear impulsos. Mais impulsivos do que os outros animais é difícil. No entanto, em que pese desconhecerem decretos, instituições religiosas, números ou qualquer pauta moral, nossos parceiros de viagem cósmica não costumam se devorar, pelo menos dentro na mesma espécie. É um questão de cultura. Com certeza. Em pleno XXI. o da maioridade, vá que possamos usufruir dessa formidável consciência, outrora privativa dos irracionais:
Acredito que quem estiver entrando no caminho da iluminação será absolutamente impecável em tudo o que fizer. E por causa do medo da condenação? Não. Ou de punição de Deus, ou porque pequei e não alcancei o perdão? Não, não, não. Os verdadeiros iluminados verão que toda a ação tem uma reação com a qual eles terão de lidar, e se formos sábios, não faremos coisas que nos levarão a ter de enfrentar resolver e equilibrar isso em nossa alma mais tarde. Esse é o verdadeiro critério. LEDWIN, M., cit. ARNTZ, W.: 203
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Trickle-down

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Professor de Direito quer resgate dos direitos sociais



Para nós, no Brasil, que não vivemos, ainda, um estado social efetivo, que fosse capaz de oferecer saúde, educação e previdência de qualidade para todos, o caminho para a inclusão e efetiva participação do nosso povo como cidadãos é o da fragmentação coordenada do poder, a descentralização radical de competências, fortalecendo os estados e, principalmente, os municípios, assim como tornar permeável o poder, com a criação de canais de participação popular permanentes, como os conselhos municipais, o orçamento participativo e outros mecanismos de participação, além do incentivo permanente à organização da sociedade civil e o fortalecimento dos meios alternativos de comunicação como as rádios, jornais e televisões comunitárias. Podemos – e assim estamos fazendo – construir uma democracia social e participativa a partir do poder local. MAGALHÃES, José Luiz Quadros de, professor do Departamento de Direito Público da Universidade Federal de Minas Gerais - O necessário resgate dos direitos sociais. - 10/6/2010. www.comciencia.br
Grande parte do povo, sindicalistas, sociólogos, economistas, principalmente operadores do Direito aplaudiriam de pé o nobre professor mineiro, conterrâneo de JK, caricaturado Amigo da Onça. Mas há um erro basilar no significado da participação social. Qualquer sociedade exige contribuição, antes de mais nada.
Sócio é um indivíduo que divide ou têm despesas e os lucros com outros em projectos comuns. (Wikipedia).
Caso a fortuna corresponda, o sócio poderá auferir o conforto de acordo com o quinhão que se dispõe a participar. De Bangladesh a Zurich, assim se distingue qualquer sociedade. Se houver produção, todos ganham. Se não, todos viram miseráveis donos dos mesmos direitos. Como os cubanos, por exemplo, ou tal qual os sagrados, igualitários e justos direitos sociais sobre a massa de falido.
Os niveladores... rapazes bonzinhos e desajeitados... mas que são cativos e ridiculamente superficiais, sobretudo em sua tendência básica de ver, nas formas da velha sociedade até agora existente, a causa de toda a miséria e falência humana... O que eles gostariam de perseguir com todas as suas foras é a universal felicidade do rebanho em pasto verde, com segurança, ausência de perigo, bem-estar e facilidade para todos; suas doutrinas e cantigas mais lembradas são 'igualdade de direitos' e 'compaixão pelos que sofrem' - e o sofrimento mesmo é visto por eles como algo que se deve abolir.
NIETZSCHE, F.,
Além do Bem e do Mal: 45
Tratemos de povo, então, que a todos engloba. O que propõe o professor ao povo senão que ainda mais gastos? E tome conselhos municipais, orçamentos participativos, e "outros mecanismos de participação", isto é, organizar e usufruir do poder, às custas do povo que jura defender. A Nada mais contrário à democracia, e ao próprio Estado de Direito:
Enquanto os direitos de liberdade nascem contra o superpoder do Estado - e, portanto, com o objetivo de limitar o poder - os direitos sociais exigem, para sua realização prática, precisamente o contrário, isto é, a ampliação dos poderes do Estado. BOBBIO, N. A Era dos Direitos: 72
Isto é: como o Estado nada produz,  sua ampliação requer a retirada dos recursos de quem produz. Para cumprir a metafísica social o mosqueteiro sangra a Nação inteira, na qual o trabalhador perfaz a maciça maioria.  Nada mais obtuso,  nefasto ao proprio povo.   O paradoxo toma a máxima conotação nos programas ditos sociais, de cunho trabalhista. Para defender o trabalhador de eventuais direitos frente aos malvados patrões, como se estes fossem estrangeiros, portanto merecessem um tratamento diferenciado por parte do governo, Leviathan toma aproximadamente 30% do salário dispendido pelo contratante. Para compensar a burla, recai ao contratante arcar com  gratificações sem necessidade da contraprestação - férias, décimo-terceiro salário, pagamentos a gestantes a adoecidos, etc. Como nenhum contratante sobrevive sem lucro, o aviltamento é repassado a todos os produtos que o "felizardo" trabalhador adquirir com as vantagens obtidas,  enquanto o governo se delicia com aquela formidável massa de capital, ironicamente formada às custas de quem não tem nenhum capital.
Mas a implicação geral da teoria do equilíbrio competitivo é que o papel do governo deve ser o menor possível e um setor público pequeno implica que os custos de manutenção serão pequenos, assim como os impostos necessários para financiá-los. Na medida do possível, segundo esse modelo, as funções do Estado devem desaparecer. Para melhor servir aos interesses do povo, não deveria existir Estado. Essa é, evidentemente, uma conclusão muito semelhante aquela a que Karl Marx chegou em seus escritos políticos: sob a ótica do socialismo, o Estado desapareceria. Pode parecer irônico que o modelo econômico do livre-mercado afirme que, sob o capitalismo de livre-mercado esse fenômeno também deve acontecer; mas existem mais semelhanças do que se poderia imaginar entre a teoria econômica de uma sociedade socialista e a teoria econômica de uma sociedade baseada exclusivamente na livre iniciativa..
ORMEROD, PAUL, 1996: 86
E nos fala em repartir o poder? Hipertrofiá-lo, então, porque propugna por engrossar suas fileiras, sem nada em troca, a não ser ficções, lúdicos projetos.
No Brasil, quem fica com a renda dos trabalhadores é o Estado. Devolve depois? Para os trabalhadores das empresas privadas, pouco. Mas capricha nas transferências para interesses especiais entrincheirados, universidades para meninos e meninas ricas e funcionários públicos. O componente fiscal no Brasil é terrível em qualquer atividade. Na distribuição da receita bruta de uma empresa não financeira, o primeiro beneficiário é o Estado, que fica sempre com mais de 42% da receita. Os trabalhadores ficam com cerca de 20%. Fornecedores, credores, prestadores de serviço públicos e privados e os acionistas ficam com o restante. Desde 2002 a União investe menos de 1% do PIB. Existem estudos empíricos que mostram que os trabalhadores com menos de dois salários mínimos pagam mais de 50% da sua renda em impostos. E o Bolsa Família custa 1,7% da receita da União.
FONSECA, O. Só depois de impostos - 9/6/2010
E olha o que propugna o catedrático da instituição federal: o envolvimento de todos os meios de comunicação disponíveis! Quem paga o precioso espaço comercial? Que televisões comunitárias são essas? O engraçado é que ele quer porque quer participação. Bem. Com o quê contribui?
O indivíduo tornou-se mais consciente que nunca de sua dependência para com a sociedade. Não vive essa dependência, contudo, como uma vantagem, um vínculo orgânico, uma força protetora, mas antes como uma ameaça a seus direitos naturais, ou até a sua existência econômica. EINSTEIN, A. Escritos da Maturidade: 133
 Não entendi o mencionado incentivo à "sociedade civil". Que outra sociedade existe além dessa? Eclesiástica? Militar? E longe de ser incentivada, ela vem paulatinamente massacrada:"A liberdade da nossa sociedade civil começa no fim de maio. Até então somos escravos, trabalhamos na marra para o governo." (FONSECA, O. Só depois de impostos - 9/6/2010)
Já que o Estado nada produz, e nem lhe cabe, pelo menos alguém diz onde ou que espécie de justiça se oferece a quem mantém uma propriedade em produção, e depois do trabalho é obrigado a repartir o produto colhido com quem passa? Ainda é pouco os mais de trinta por cento que lhe é tolhido à título de imposto sobre o rendimento de sua atividade? Isto sim é que se constitui na mais flagrante exploração do trabalho alheio. O que lhe dá em troca para usurpá-lo de tamanho quinhão?
O esforço natural de cada indivíduo para melhorar suas própria condição constitui, quando lhe é permitido exercer-se com liberdade e segurança, um princípio tão poderoso que, sozinho e sem ajuda, é não só capaz de levar a sociedade à riqueza e prosperidade, mas também de ultrapassar centenas de obstáculos inoportunos que a insensatez das leis humanas demasiadas vezes opõe à sua atividade.
SMITH, Adam,
cit. DOWNS: 56
Pois ouço a inteligente notícia de hoje, dando conta do aumento de juros, porque a economia não pode crescer acima sei lá do que. Desse modo a economia só cresce. Os cofres ficam abarrotados. E a produção, decresce. A quem pode interessar tão criativa equação?
Parece piada uma verdade tão óbvia ser suscetível de distorção semântica até por economistas, como foi o caso do incisivo MARX. Sossegue. O pódium dos governos mais participativos ninguém tira da Alemanha Nazista, da Bolchevique e da Fascista. Vivemos em outro EspaçoTempo:

Mas, sobretudo, vale a pena atentarmos para o universo de mudanças que se descortina: se acompanharmos os trabalhos de Lawrence Lessig sobre o futuro das ideias, de James Boyle sobre a dimensão jurídica, de André Gorz sobre a economia do imaterial, de Jeremy Rikin sobre a economia da cultura, de Raymond sobre a cultura da conectividade, de Castells sobre a sociedade em rede, de Toffler sobre terceira onda, de Pierre Lévy sobre a inteligência coletiva, de Hazel Henderson sobre os processos colaborativos – e os inúmeros trabalhos nessa linha, muitos deles comentados e sistematizados no nosso ensaio Democracia econômica –, veremos que as mudanças não estão esperando que se desenhem utopias, um outro mundo está se tornando viável
DOWBOr, Ladisla – Democracia econômica: alternativas de gestão social – Ed. Vozes, Petrópolis, 2009
http://dowbor.org

quarta-feira, 9 de junho de 2010

A má temática



A sabedoria plena e completa pertence aos deuses, mas os homens podem desejá-la ou amá-la tornando-se filósofos. PITÁGORAS
Se desejássemos retraçar a história do Determinismo, seria preciso retomar toda a história da Astronomia. É na imensidão dos Céus que se delineia o Objetivo puro que corresponde a um Visual puro. É pelo movimento regular dos astros que se regula o Destino. Se alguma coisa é fatal em nossa vida, é porque uma estrela nos domina e nos arrasta. Há, portanto, uma filosofia do Céu estrelado. Ela ensina ao homem a lei física em seus caracteres de objetividade e de determinismos absolutos. Sem esta grande lição de matemática astronômica, a geometria e o número não estariam provavelmente tão estreitamente associados ao pensamento experimental; o fenômeno terrestre tem uma diversidade e uma mobilidade imediatas demasiado manifestas para que se possa neles encontrar, sem preparo psicológico, uma doutrina do Objetivo e do Determinismo. O Determinismo desceu do Céu à Terra. GASTON BACHELARD
Ele nasceu na ilha de Samos, (Magna Grécia, hoje costa turca) para morrer no sul da Itália, em Metaponto, por volta do ano de 497 a.C. Seu nome homenageia PÍTIA. A mãe consultara a pítonisa: o filho seria um fenômeno! Então mama colocou a marca do sucesso no rebento, já lavrando o destino da capital, precisamente à ágora: PITÁGORAS.
Havia duas correntes religiosas: de um lado, os ritos dionisíacos, degenerados pela perda do sentido sagrado; de outro, ritos órficos, caracterizados por uma ascese rigorosa. O afilhado da pitonisa se encantou logo com a lenda de ORFEU.
Onde mas poderíamos parar?
"A separação metafísica da alma e do corpo teve efeitos desastrosos sobre a filosofia." (RUSSELL, B., Por que não sou cristão: 43)
Não somente sobre a filosofia, senão à ciência, à política, ao convívio social, e ao próprio Universo, porque não?

Sim, pois na base da criação da necessidade de aniquilamento está a afirmação de que há um 'nós' e, consequentemente, um 'eles'. Esse processo se dá de forma lenta, cotidiana e concorrem para ele ações no campo da política, da cultura e da religião. Leis que separam e restringem os homens por sua ascendência ou cor, exacerbação de sentimentos nacionalistas e crenças religiosas usadas para a segregação são os caminhos para semear o infortúnio e transformar o medo em ódio
GÓES, Moacyr, A divisão que segrega, 11/03/2010.
Enquanto visitava o Egito, impressionado com as pirâmides, o predestinado desenvolveu o famoso Teorema: é possível calcular o lado de um triângulo retângulo, conhecendo os outros dois. E não foi só isso. Ele conseguiu provar ainda que a soma dos quadrados dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa. Fenômeno!
Sua mais criativa proposição:
"Todas as coisas são números."
Mas emendou:
"A Evolução é a Lei da Vida, o Número é a Lei do Universo, a Unidade é a Lei de Deus. "
E deu o caminho:
"A melhor maneira que o homem dispõe para se aperfeiçoar, é aproximar-se de Deus."
Os próprios termos Filosofia (amor a sabedoria) e Matemática (o que é aprendido) foram suas criações. Juntar prefixos e sufixos era especialidade maiêutica e assim PITÁGORAS pode descrever suas modestas atividades intelectuais.
Pitágoras apreciava a tal ponto a teologia órfica que dela fez modelo para plasmar a própria filosofia. Em decorrência disso, as sentenças de Pitágoras passam a ser chamadas sacras na medida em que são derivadas dos esquemas órficos.
PICO DELLA MIRÀNDOLA, A dignidade do homem:73
O matemático designava Deus pelo número 1, a Matéria pelo 2; exprimia o Universo pelo número 12 resultante da multiplicação de 3 por 4, ou seja, concebia o universo composto por três mundos particulares que, encaixando-se uns nos outros através dos quatro princípios ou elementos da Natureza, desenvolviam-se em 12 esferas concêntricas. Ao Ser inefável que inundava estas 12 esferas sem ser captado por nenhuma delas, o filósofo de Samos chamava-lhe Deus. O homem espelharia o Universo em escala reduzida e, no Universo, ele via o Grande Homem - o Microcosmos e Macrocosmos. O homem, célula contida no Todo, seria um reflexo do ternário universal constituído de Corpo, Alma e Espírito. Tudo encaixou com a doutrina órfica. A instituição do Zodíaco com seus 12 signos é a demonstração cabal deste conhecimento.

É todo esse número geométrico que comanda os melhores e os piores nascimentos. Se os guardiões não o conhecem, juntarão os jovens às noivas na época errada, fazendo com que seus filhos não sejam nem de boa índole nem felizes.
PLATÂO concordava com tudo:
"Assim trava conhecimento com o Pitagorismo, que veio a exercer uma duradoura influência sobre todo o seu pensamento e a sua atividade: na sua doutrina da pré-existência das almas." (Apresentação da biografia e livros de Platão – História da Filosofia Antiga – Hirschberger)
O flagrante traço pitagórico, a oposição do par e do ímpar desempenha ainda um papel essencial na concepção acadêmica do número. Ele resplandece em diversos texto platônicos, e em particular no Górgias. No tal Epinomis, prescreve:
"A ciência dos números, dentre todas as artes liberais (?!) e ciências contemplativas, (ou seja, apenas especulações, isentas de responsabilidade porque improváveis) é a mais nobre e excelsamente divina."
Ao ser questionado porque o homem se diferenciava doa animais, a sapiência foi categórica: "Porque sabe lidar com números."
O grego suspendera a alma, ou melhor, desconsiderara o malvado especialista da recepção aos mortos, para invocar, direto, o Presidente do sistema - o Pai de HADES. Timeu (26a) professa:
A ordem e a beleza que vemos no Cosmo resulta de uma intervenção racional, intencional e benigna de um divino artesão, um 'demiurgo' (gr. δημιουργός), que impôs uma ordem matemática a um caos preexistente e, assim, produziu um Universo divinamente organizado, a partir de um modelo eterno e imutável (Pl. Ti. 26a). A visão platônica da origem do Universo também teve enorme influência na filosofia, especialmente na neoplatônica, no ocultismo e na teologia desde o século -IV até nossos dias.
www.greciantiga.org
PLATÃO agradou em cheio:
Desenvolvido por Plotino (205/270) no início do século IV, em meio à decadência do Império Romano, o neoplatonismo tornou-se uma das mais importantes correntes filosóficas da época e foi a última contribuição do pensamento grego à filosofia Ocidental. O neopitagorismo, que sobrevivera desde o século -IV como um modo de vida verdadeiramente religioso, também acabou por se fundir com o neoplatonismo.
www.greciantiga.org
Questionado de onde ele tirara um ZEUS assim calculista, o astuto formulador minimizou. Eram os fins que estavam em jogo.

Platão admite que a crença em Deus não pode ser demonstrada, nem sua existência; mas fala que ela não faz mal, só bem. O mal para Platão é apenas a ignorância do bem, e ele procura demonstrar que o mal inexiste, e ninguém opta por ele de forma voluntária.
A idéia é originalmente devida a Platão, que, sem dúvida influenciado pelas concepções pitagóricas, foi o primeiro a afirmar que o círculo, cujas partes são todas iguais entre si, é por essa razão a mais perfeita figura geométrica, e, portanto, como os corpos celestes são eles mesmos perfeitos, o único movimento que lhes é possível é o movimento circular uniforme. A tarefa dos astrônomos a partir de então foi construir um modelo matemático que explicasse os dados observacionais da astronomia, e no qual os planetas seriam dotados de movimentos circulares uniformes.
BEN-DOV: 19
A má tese, ou a má temática ,a "quantofrenia", conforme Sorokin, ou a "aritmomania", como aduz GEORGESCU-ROEGENS, coroou o homo faber tal homo mathematicus. O universo que até a reencarnação platônica abrigava alguma alma, passou a ser visto como ‘um vasto sistema matemático de matéria em movimento’,um ‘universo material (onde) tudo funciona mecanicamente, segundo as leis matemáticas.’
Viajamos em picada por demais pedregosa:

A ciência ocidental tornou-se matematizada. A linguagem matemática da ciência, que causa tanto desânimo ao leitor de outras áreas, implantou- se como resultado do conflito entre as visões de mundo eclesiástica e leiga e seu propósito era justamente causar o afastamento do público comum.
O mundo se mantém atolado na ficção:"O Demiurgo de Platão, o grande arquiteto cósmico, transformou-se no Deus cristão de Copérnico." (GLEISER, Marcelo, Criação Imperfeita: 54)
Seguindo o douto princípio crítico-pitagórico levado pelo crivo platônico, a reforma foi precedida por muito estudo matemático. DANTE delineou a nova penintenciária de modo cartesiano - andares em progressão horrenda ao rumo da profundeza. (A Geografia do Inferno de Dante Tratada Matematicamente, 1588; GEYMONET, Ludovico, Galileu Galilei: 10)
NEWTON tomou a maçã na cabeça, e elevou seus olhos:

Este sistema do Sol, planetas, e cometas, só poderia vir da vontade e domínio de um Ser inteligente e poderoso ... Ele governa todas as coisas, não como alma do mundo, mas como Senhor de tudo; e por causa de Seu domínio ele é digno de ser chamado Senhor Deus
NEWTON, I., Principia
Como se processava a magnífica força gravitacional apurada pelo reverendo NEWTON, ainda mais nas grandes distâncias? Não vinha ao caso. Coisa do Patrão-Véio lá de cima.
Foi a tradição judaico-cristã que estabeleceu o tempo linear (irreversível) de uma vez por todas na cultura ocidental... O tempo irreversível influenciou profundamente o pensamento ocidental. Preparou a mente humana para a idéia de progresso, para o conceito de tempo profundo, para a surpreendente descoberta dos geólogos de que a evolução humana é apenas um episódio recente e curto na história da Terra. Preparou o caminho para a evolução de Darwin, que fala de nossa união com criaturas mais primitivas através dos tempos. Em resumo, o advento da idéia de tempo linear e da evolução intelectual desencadeada por essa idéia corroborou a ciência moderna e a promessa de melhoria da vida na Terra.
COVENEY: 22
SHAFSTESBURY (carta a THOMAS POOLE; cit. BRETT: 109) não hesitou imediatamente registrar sua discordância, algo que sequer seu famoso pupilo JOHN LOCKE ousou:
"Newton é um mero materialista. Em seu sistema o espírito é sempre passivo, espectador ocioso de um mundo externo há motivos para suspeitar que qualquer sistema que se baseie na passividade de espírito deve ser falso como sistema."
Quem seria esse SHAFSTESBURY para numa cartinha confrontar o internacional e incomparável NEWTON, mas não só ele, e sim todo o enorme trem vindo da Grécia, varrendo a Europa e até o Médio-Oriente otomano?
O Farol Iluminista não convinha aos serviços de terra.
"Na tradição intelectual do mundo ocidental, o misticismo matemático de Pitágoras transformou-se na ponte entre a razão humana e a inteligência divina." (GLEISER, M., 2010: 51)
"A Escola Pitagórica ensejou forte influência na poderosa verve de Euclides, Arquimedes e Platão, na antiga era cristã, na Idade Média, na Renascença e até em nossos dias com o Neopitagorismo." (Wikipédia)
“A natureza toda se transformou em um palco de impulsos e atrações, de dentes e alavancas, de movimentos de partes ou de elementos aos quais eram diretamente aplicadas as fórmulas de movimentos produzidos por bem conhecidas máquinas.” (DEWEY, John: 87)
"O que ocorreu foi que as premissas tecnocráticas quanto à natureza do homem, da sociedade e da natureza, deformaram-lhe a experiência na fonte, tornando-se assim os pressupostos esquecidos de que se originam o intelecto e o julgamento ético.” (LEONI, B.: 66)
"Pois séculos de dominação absoluta Cristã nos fizeram perder de vista que o mundo é muito mais iluminado do que ela quis fazer pensar. A Igreja foi a porta para o Absolutismo." (LIMA, M., O OCIDENTE: DA RELIGIOSIDADE AO ATEÍSMO NIILISTA)
O numerário subverte a sociedade. A ética se torna dialética; e a política, espoliação.
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terça-feira, 8 de junho de 2010

A desmoralização do Estado

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Uma concepção adequada de desenvolvimento deve ir muito além da acumulação de riqueza e do crescimento do Produto Nacional Bruto e de outras variáveis relacionadas à renda. Sem desconsiderar a importância do desenvolvimento econômico, precisamos enxergar muito além dele. SEN, Amartya: 28
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O Estado patrocina enxurrada de notícias alvissareiras, mas paulatinamente vem perdendo credibilidade. Não há nenhum setor, nenhum segmento administrativo que produza algo de útil à sociedade. Pior do que inútil, o Estado sói apresentar sua faceta mais perversa - um veículo oficial à serviço de seus motoristas. Nada de novo no fromt ocidental. Desde sempre esta foi sua principal função, tolerada em qualquer ideologia.. Primeiro, os motoristas só podiam ser representantes de DEUS. Quando se demonstrou a falácia do argumento, o Estado paradoxalmente se revigorou. À sombra do pragmatismo da Revolução Industrial, Leviathan reforçou o alistamento militar, e impôs a ordem que quis. A revolução da igualdade, da fraternidade, e da liberdade precipitou o fascismo, o nazismo e o comunismo. Restou o famigerado liberalismo, com corte mais modernizado. A solução bretã era mais sensata. Diluir o poder para propiciar o desenvolvimento acelerado que a própria Revolução Industrial oferecia. O Estado, se não era útil, agora pelo menos não prejudicaria - ao contrário - permitiria e até ansiava pelo desenvolvimento generalizado, não apenas o enriquecimento exclusivo de seus hóspedes. O livre-comércio, todavia, tem sido estimulado, às custas de concorrências. O clima de competição facilmente se degenera em vitória a qualquer preço, porque se trata de matar ou morrer. Crescer, ou ser engolido pelo maior. As nações permanecem enredadas no ideal permanece enredado no ideal apolónio, ironicamente o responsável pelo declínio.
A ideia é que qualquer sistema evolutivo obedece às leis do darwinismo.
E a economia é certamente um sistema evolutivo.
VEIGA, Prof.
Econ. José Eli, Fac. Econ. & Admin. da USP. - Estadão, 8/2/ 2009
Maior bobagem não há. Primeiro, porque no darwinismo há uma seleção, descartando-se o mais fraco. Se a economia se desfizer do mais fraco, jamais formará algum capital. Por outro lado, a teoria de evolução darwineana exige uma linearidade temporal, enquanto a economia obedece padrões multilaterais.  Mas diante desses costumes, em vez do povo requerer o guarda-chuva do Estado, ora são os empresários que para lá acorrem, e quem chegar primeiro levava enorme vantagem. Eles controlam tudo, sentando no banco de trás. O garboso motorista vai muito-além-do-jardim. As empresas que mais crescem apresentam vínculos diretos com os detentores do Estado. Em vez da praça de comércio, elas negociam diretamente na Praça dos Três Poderes.
A arrecadação do PT, PSDB, DEM e PMDB explodiu em 2008 com doações recebidas de empresas que exacerbaram, no ano passado, o mecanismo usado para ocultar a identificação dos reais financiadores dos candidatos a cargos públicos. Folha, 3/5/2009
O resultado de tão brilhante solução fulgura nas mansões de Brasília e nos casebres da baixada fluninense:

Quando visitei o Brasil há dois anos, a polícia executava suspeitos de crimes e cidadãos inocentes durante suas operações em favelas. Policiais fora de serviço operando em esquadrões da morte e em milícias também assassinavam civis. ALSTON, Philip, ONU - BBC-Brasil, 1/6/2010
O capitalismo parece incitar meios escusos, mas ao mesmo tempo as soluções fascistas, nazistas, ou comunistas já demonstraram ser ainda piores. "O que ocorreu foi que as premissas tecnocráticas quanto à natureza do homem, da sociedade e da natureza, deformaram-lhe a experiência na fonte, tornando-se assim os pressupostos esquecidos de que se originam o intelecto e o julgamento ético.” (LEONI, B.: 66)
Um meio-termo? Impossível. Coadunar liberdade com qualquer viés fascista? "Resultado disso é que nas últimas eleições presidenciais, assim como na atual, as opções que se apresentaram foram de centro-esquerda." (ROSENFIELD, D., Descompasso 10/6/2010) Eis a pior emenda. O governo arrecada como capitalista, enquanto a comunidade é tratada comunista, massa empacotada, explorada:
Trabalhador solteiro, em situação regular, com carteira assinada, com R$ 2 mil mensais de salário, entre os descontos a que é submetido e os custos impostos ao empregador, resultará em R$ 837 que passam para os cofres públicos. Ora, a mim parece extorsiva essa contribuição a que o trabalhador e o empregador estão sujeitos inexoravelmente, sem ter a quem apelar, quando os serviços públicos devolvidos à sociedade são defectivos, não são bons e em geral são maus, especialmente os mais vitais, como os referentes à saúde, à assistência médico-hospitalar, à educação, à segurança pessoal do trabalhador e de sua família. Por isto já foi dito que, entre nós, as contribuições são de padrão escandinavo, enquanto os serviços públicos são de escala africana. O outro assunto que também me impressionou, vivamente, conhecidas as condições históricas do serviço, tradicionalmente reumático, é referente aos serviços portuários. Só no porto de Santos, o maior da América do Sul, na entrada ou saída de navios, exigem-se 17 toneladas de papel por ano; para cada navio são necessários 112 formulários, em diversas vias, com 935 informações a serem encaminhadas a seis diferentes entidades da administração! BROSSARD, P.,Peleguismo eleitoral 8/6/2010
E para onde se dirigem nossos parcos recursos?

Lula foi também o mentor do perdão de dívidas de outros países com o Brasil, ignorando carências internas gritantes. São cenas cotidianas o nosso sistema viário abandonado, hospitais inoperantes, escolas desamparadas, prisões comandadas por prisioneiros, barracos de papelão servindo de moradia a trabalhadores que pagam os impostos que vão financiar metrôs e armamentos na Venezuela, hotéis em Cuba, casas de alvenaria na Bolívia e empregos no Paraguai, no Equador, em Moçambique, na Nigéria, em Cabo Verde, na Nicarágua e no Gabão. O total das dívidas perdoadas desses países foi de R$ 1,62 bilhão, quantia suficiente para atender ao reajuste dos aposentados, que o governo afirma não ter recursos para honrar. Está também doando como ajuda à Grécia mais de R$ 567 milhões, além de emprestar R$ 17 bilhões ao FMI sem haver sido convidado a fazê-lo. DANON, J, Ave Lula. Estadão, 11/6/2010
Maior traira vai ser difícil. O crime vem sendo não só tolerado, como estimulado. As páginas informativas dão conta de exitosas barbaridades. A bandidagem tripudia o Estado. Invadem-se terras e prédios prédios públicos. Policiais são metralhados, sequestram-se parentes de políticos, enquanto secretários e assessores são simplesmente eliminados. Morrer passou a ser banal. Rumo inevitável - assim tanto faz. E o pior: crescer com a repressão, com leis mais severas, aparelhar a justiça, engrossar contigentes e adquirir armamentos apenas recrudescem os crimes, tal qual a época dos alcapones.

A Nação permanece perplexa, dividida. De um lado, um número cada vez maior de pessoas e instituições usufruem do trabalho alheio: "Mais de 40 mil candidatos às eleições de 2006 e 2008 eram beneficiários do programa Bolsa-Família, segundo auditoria do Tribunal de Contas da União." (www.claudiohumberto.com.br - 5/5/2009)
De outro, uma população desnorteada.
A carga fiscal brasileira é infame. Não podemos mais nos enganar com meras suposições. A carga fiscal atual – quando somados os tributos (projeção de 36% do PIB) ao déficit público (mais 3 a 4%) nos aponta para 40% do PIB brasileiro, cerca de 140 dias por ano, em média, dedicados, por cada brasileiro, apenas para sustentar a máquina pública.
CASTRO, Econ. Paulo Rabello ,Brasil, País dos Impostos. - 8/6/2010
Candidato deriva de cândido, imaculado, mas os partidos sóem apresentar gente mui enlameada.

Os políticos acercam-se dos cofres das estatais para desviar verbas públicas. Em português claro: para roubar. Todo o nosso esforço deve se voltar para o combate à corrupção e às práticas políticas nocivas. É preciso desnudar diante dos olhos da nação esse esquema nefasto dos partidos para alcançar os cofres do Estado.
Sen. J. Vasconcelos PMDB. Folha São Paulo, 25/2/2009
Foi preciso levante nacional para expressar uma lei que vete a disputa de réus. Terá pouca serventia.

A grande incógnita dos Novos Tempos é... como fica o ordenamento político-jurídico-institucional (e/ou se promove o seu reordenamento) de um país em que a vulgarização das instituições não é mais o objeto de comentários 'à boca pequena', mas sim 'às escâncaras'? LESSA, Cláudio, Relativização da conduta, www.diretodaredacao.com, 30/8/2009
Infelizmente o sinal está fechado para nós.

O jornal espanhol El País repercutiu em sua edição desta terça-feira 3/3/2009 a investigação de 378 políticos, entre deputados, senadores e ministros. Entre os investigados, estão os 40 réus do caso do mensalão, escândalo em que parlamentares foram acusados de receber dinheiro em troca de apoio político ao governo. O El País comenta ainda que no Brasil a corrupção tem características especiais, como estar 'incrustada' nos Três Poderes e na polícia e pelo País ser "onde existe maior impunidade" em relação à criminalidade. 'Há mais de 10 anos que não é condenado ou preso um só político'.
Como sair desse imbroglio?
Eu sei. Mas direi outro dia.
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